Entenda CLT e Glulam no Brasil: normas ABNT, desempenho estrutural, incêndio e acústica, custos, prazos e quando compensa frente à alvenaria/steel. Tabela + checklist + FAQ.
O que são CLT e Glulam (MLC) — e por que o mercado cresce
CLT (Cross-Laminated Timber) são painéis maciços formados por lâminas cruzadas; Glulam/MLC (madeira laminada colada) são vigas/pilares formados por lâminas coladas em paralelo. Ambos combinam alto desempenho estrutural com baixo carbono incorporado, obra seca e montagem rápida — ideais para reduzir cronograma e resíduos. Em muitos projetos, usa-se a combinação: lajes/parede em CLT e pórticos com Glulam.
Normas e regras que você precisa conhecer (Brasil, 2025)
- ABNT NBR 7190:2022 — Projeto e execução de estruturas de madeira (base de cálculo e verificação, inclui requisitos de desempenho e qualidade).
- ABNT NBR 16826:2020 — Requisitos específicos para CLT (fabricação, ensaios e desempenho).
- ABNT NBR 7190-6 — Diretrizes de fabricação/controle de colagem de MLC (Glulam).
- ABNT NBR 15575 — Desempenho de edificações (acústica, térmica e proteção passiva ao fogo quando CLT compõe sistemas de vedação/pisos).
Dica: Se o projeto busca LEED v5 e metas de descarbonização, a madeira engenheirada favorece LCA e créditos de materiais (madeira certificada).
Vantagens práticas (além do marketing)
- Montagem rápida: industrialização e logística enxuta.
- Menor peso próprio: otimização de fundações.
- Conforto e estética biofílica com superfícies aparentes.
- Baixo carbono incorporado e canteiro limpo (menos resíduos).
Limitações e cuidados (para não ter surpresa)
- Incêndio: dimensionar por carbonização (charring), prever camadas de proteção, selagens e compartimentação conforme NBR 15575.
- Acústica: lajes com manta resiliente + contrapisos; paredes multicamadas para ruído aéreo/impacto.
- Umidade: barreiras de vapor, detalhes de fachada e arremates bem especificados.
- Cadeia de suprimento: madeira certificada (FSC/PEFC), lead time, logística de peças de grande porte.
CLT vs. Glulam: quando usar cada um
Situação | CLT (painéis) | Glulam/MLC (vigas/pilares) |
---|---|---|
Lajes e paredes estruturais | Ideal (diafragmas/painéis) | Vigas secundárias de apoio |
Vãos longos / pórticos | Pode exigir painéis espessos/reforços | Excelente para grandes vãos |
Velocidade de montagem | Alta (módulos/painéis) | Alta (pórticos/vigamentos) |
Flexibilidade de layout | Boa, modular | Muito boa em grandes vãos |
Custo/otimização | Ótimo em edifícios modulares/serializados | Ótimo quando poucos elementos vencem grandes vãos |
Na prática, combina-se CLT (lajes/parede) com Glulam (pórticos principais).
Custos, prazos e ROI
- CapEx depende de espécie, espessura, acabamento e logística.
- Prazo: obra seca reduz cronograma e custos indiretos de canteiro, antecipando receitas.
- ROI: cenários com restrição de fundação, prazos curtos e metas ESG tendem a favorecer madeira engenheirada.
- Carbono incorporado: simule o LCA do edifício e compare sistemas (útil em LEED v5 e metas de “whole-life carbon”).
Fogo, acústica e conforto: o que comprovar no projeto
- Incêndio: dimensionar por carbonização, prever revestimentos/forros e selagens corta-fogo; ensaios e memoriais conforme NBR 15575.
- Acústica: lajes CLT com manta resiliente e contrapisos; paredes multicamadas com lã mineral e placas.
- Conforto térmico: membranas, barreiras de vapor e ventilação adequada para estabilidade higrotérmica.
Checklist de viabilidade (copie no seu briefing)
- Programa e modulação (vãos, repetição de painéis, alturas).
- Matriz de normas: NBR 7190:2022; NBR 16826:2020 (CLT); NBR 7190-6 (MLC); NBR 15575 (sistemas).
- Fornecedor: certificações, qualidade de colagem, tolerâncias, acabamento aparente.
- Fogo/acústica: camadas, juntas, selagens; memorial de desempenho.
- Logística e montagem: içamento, sequência, proteção climática.
- Custos e carbono: comparativo CLT/MLC × alternativa + LCA (LEED v5 – embodied carbon).
- Operação e manutenção: inspeções, reparos, política de furos/cortes em serviço.
Baixar Checklist (PDF) Solicitar estudo conceitual
Casos de uso ideais (e onde evitar)
Ideais: escolas/creches (obra rápida), hotéis/multifamily (modularidade), corporativos médios, pavilhões e centros comunitários (grandes vãos com Glulam).
Evitar/avaliar com cautela: subsolos muito úmidos sem controle, fachadas sem proteção adequada, usos com alto risco de impacto/umidade sem acabamento compatível.
Perguntas frequentes (FAQ)
CLT já tem norma no Brasil?
Sim. A ABNT NBR 16826:2020 trata de fabricação, ensaios e desempenho do CLT; para projeto/execução, a base é a ABNT NBR 7190:2022.
Glulam (MLC) tem diretrizes de qualidade?
Sim. Recomendações da NBR 7190-6 orientam fabricação e controle de colagem de MLC (Glulam).
Como fica a proteção ao fogo?
Projetos com CLT/MLC devem atender requisitos de proteção passiva e desempenho da NBR 15575, com dimensionamento por carbonização e camadas de proteção.
É mais caro que concreto?
Depende do sistema estrutural, logística e prazo. Em muitos cenários, a redução de cronograma e de fundações compensa a diferença de material; avalie CAPEX completo.
Ajuda em certificações?
Sim. Em LEED v5, reduzir carbono incorporado e realizar LCA do edifício tende a pontuar melhor; madeira certificada contribui em créditos de materiais.