Como projetar Passive House em clima quente-úmido: envoltória, sombreamento, ERV/desumidificação, janelas e PHPP. Critérios, exemplos e checklist prático.
O que é Passive House — e por que funciona no calor úmido
Passive House é um padrão de desempenho que entrega conforto térmico com demanda mínima de energia, a partir de cinco princípios: isolamento, vedação ao ar, eliminação de pontes térmicas, janelas de alto desempenho e ventilação mecânica com recuperação. Em climas quentes-úmidos, a receita inclui sombreamento eficaz, controle de ganhos solares e, muitas vezes, desumidificação dedicada para conforto higrotérmico.
7 pilares para Passive House em clima tropical
1) Envoltória isolada
Isolamento reduz ganhos externos e ajuda a “conservar o frio”. A espessura ideal depende do clima/local e da compacidade; o PHPP otimiza os U-values.
2) Vedação ao ar e pontes térmicas
Estanqueidade evita infiltrações quentes/úmidas e controla a carga latente. Detalhe a barreira de ar contínua e elimine pontes térmicas.
3) Janelas e vidros (U + SHGC/g) com sombreamento
No tropical, dê prioridade a U baixo e SHGC/g reduzido para cortar ganhos solares, sempre com sombra externa (brises, beirais).
4) Ventilação mecânica com recuperação (ERV) + desumidificação
ERV é geralmente preferível no quente-úmido (troca entálpica). Muitos projetos pedem desumidificação ativa para manter UR confortável (ex.: 50–60%).
5) Estratégias de verão
Sombras externas bem dimensionadas, cargas internas baixas (iluminação/eletros eficientes) e, quando possível, ventilação noturna.
6) Modelagem no PHPP
Use dados climáticos locais/PHI, simule sombreamento/ERV e rode testes de sensibilidade (g/SHGC, orientação, ventilação noturna).
7) Comissionamento e medição
Blower door, selagem de dutos, balanceamento do ERV e monitoramento de UR/temperatura confirmam o desempenho real.
O que muda do “Passive frio” para o “Passive tropical”
Tema | Zona fria | Zona quente-úmida |
---|---|---|
Vidros | Alto g/SHGC (ganho útil) | g/SHGC baixo + sombra externa |
Ventilação | HRV (recupera calor) | ERV (recupera umidade) + desumidificação |
Estratégia solar | Aproveitar sol de inverno | Bloquear sol a maior parte do ano |
Massa térmica | Amortece picos de aquecimento | Amortece picos de resfriamento com sombra/ventilação noturna |
Riscos | Perdas por transmissão | Ganho solar + carga latente (umidade) |
Números que importam (critérios do PHI)
- Demanda e carga de resfriamento — limites análogos à meta de aquecimento, avaliados no PHPP.
- Conforto de verão — prova obrigatória no PHPP (horas de sobreaquecimento dentro do limite).
- Airtightness e pontes térmicas — metas e verificações específicas.
Exemplos e evidências
- Diretrizes PHI para trópicos: envelope estanque, 10–15 cm de isolamento, vidros de controle solar, sombras externas e ERV.
- Projetos certificados no Brasil mostram viabilidade e caminhos de detalhamento para clima quente-úmido.
- Literatura acadêmica: sombras + ventilação e massa térmica reduzem horas de sobreaquecimento.
Passo a passo (checklist prático)
- Clima & dados: arquivo climático local e zona PHI; metas de conforto de verão.
- Morfologia: volume compacto e orientação que facilite sombra nas fachadas críticas.
- Envoltória: otimize U-values no PHPP; detalhe barreira de ar contínua.
- Aberturas: janelas com U baixo e g/SHGC reduzido; sombra externa calculada.
- Ventilação: especifique ERV com recuperação de umidade + desumidificação quando necessário.
- Carga interna: iluminação e eletros eficientes; controle de fontes de calor.
- PHPP & iterações: rode cenários (g/SHGC, área de janela, sombreamento, ventilação noturna).
- Comissionamento: blower door, balanceamento do ERV/HRV, monitoramento de UR/temperatura.
Baixar Checklist (PDF) Solicitar modelagem PHPP
Perguntas frequentes (FAQ)
Passive House funciona em clima quente-úmido?
Sim. O PHI possui critérios para resfriamento e “prova” de conforto de verão. A chave é controlar ganhos solares e umidade (ERV + desumidificação) com estanqueidade e sombreamento.
Preciso de muito isolamento mesmo no calor?
Sim. O isolamento reduz ganhos externos e ajuda a manter o “frio” interno. O PHPP dimensiona a espessura ideal para cada clima.
HRV ou ERV?
No tropical úmido, ERV tende a ser preferível pela recuperação de umidade; com frequência é necessária desumidificação ativa.
Qual vidro usar?
Combine U baixo com g/SHGC reduzido e sombreamento externo, ajustando à orientação. Lembre: g (vidro) ≠ SHGC (janela).
Ventilação noturna ajuda?
Quando a temperatura externa permite, sim — é uma estratégia de resfriamento passivo para cumprir o conforto de verão.