Mais do que um condomínio sustentável: é a viabilização da vida humana integrada à natureza.

1) Visão Geral
O SlowVille é um modelo de condomínio que combina regeneração ambiental, construção responsável e vida em comunidade. Nasce para transformar áreas degradadas ao redor de grandes centros urbanos com paisagismo regenerativo, arquitetura biofílica e tecnologias construtivas modernas — restaurando o solo, replantando vegetação nativa e recuperando os ciclos naturais da água.
Proposta de valor
- Natureza no centro (NbS – Nature‑based Solutions): soluções baseadas na natureza para mitigar clima, calor, enchentes e escassez hídrica, com métricas e salvaguardas.
- Construção de baixo impacto: materiais certificados, sistemas industrializados e medição de carbono incorporado.
- Infraestrutura de ciclo fechado: água, energia, resíduos e biodiversidade geridos como um sistema único.
- Governança transparente: metas ambientais e operacionais mensuradas e compartilhadas com os moradores e investidores.
2) Tipologias de Produto
Atende públicos diversos com foco na sustentabilidade e integração ao ecossistema:
- Multifamily – blocos de unidades para locação/gestão profissional.
- Unifamiliar – casas autônomas com lotes integrados ao manejo ecológico.
- Senior Houses – moradias assistidas com foco em saúde, acessibilidade e convivência.
- ShortStay – unidades para curta temporada (ex.: Airbnb) operadas por administradora terceirizada.
3) Princípios de Projeto
Arquitetura Biofílica
- Integração com relevo, vegetação, água e clima local.
- Iluminação e ventilação naturais (orientação solar inteligente).
- Materiais naturais/baixo processamento (madeira, pedra, fibras, terra crua).
- Presença direta de natureza: jardins internos, paredes verdes, lâminas d’água.
- Estímulos sensoriais: texturas, sons da água, aromas naturais.
Paisagismo Sintrópico (Agrofloresta)
- Regeneração do solo e aumento da fertilidade sem químicos.
- Consórcios de espécies por estratos e ciclos (florestas alimentares).
- Sistemas produtivos belos e biodiversos, com menor manutenção.
- Reequilíbrio do ciclo da água por sombreamento, cobertura e diversidade.
Água como estrutura (WSUD / “Cidade‑Esponja”)
- Captação, infiltração e armazenamento de água de chuva;
- Wetlands construídos, pavimentos permeáveis, telhados verdes;
- Paisagem que retém, filtra e desacelera a água para reduzir enchentes e ilhas de calor.
Energia e Desempenho
- Diretriz “Zero‑Emission Ready” para novas edificações (alto desempenho e sem emissões fósseis no local).
- Envoltória Passive House: isolamento contínuo, vedação ao ar, VMC com recuperação de calor, janelas de alto desempenho, eliminação de pontes térmicas.
- Solar‑ready em todas as tipologias.
Materiais, Carbono e Circularidade
- Madeira engenheirada com certificação de origem (ex.: FSC/PEFC).
- Medição e redução do carbono incorporado (uso de EPDs; comparação em orçamento).
- Design for Disassembly (DfD), passaporte de materiais e logística reversa.
- Reuso adaptativo antes de construir novo, sempre que possível.
Saúde, Conforto e Bem‑Estar
- Diretrizes WELL (ar, água, luz, acústica, materiais saudáveis, mente, comunidade).
- Qualidade do ar interior, conforto termoacústico e biofilia aplicados como padrão.
Biodiversidade como requisito
- Meta de Biodiversity Net Gain (BNG) ≥ +10% em cada fase do projeto.
4) Infraestrutura Inteligente (Ciclo Fechado)
- Água: reuso de cinzas, bacias de infiltração, wetlands, monitoramento de consumo, irrigação eficiente.
- Energia: Geração fotovoltaica, estratégias passivas, microgeração compartilhada.
- Resíduos: compostagem orgânica, triagem em origem e logística reversa de recicláveis.
- Mobilidade: priorização de pedestres/bicicletas, baixa motorização, eletromobilidade.
5) Produção Alimentar e Proteínas com Dignidade
- Agrofloresta produtiva integrada ao paisagismo.
- Piscicultura e avicultura caipira em escala adequada e bem‑estar animal.
- Hortas comunitárias e educação alimentar conectando moradores ao ciclo produtivo.
6) Tecnologia Construtiva e Gestão
- BIM para coordenação, orçamentação e compatibilização.
- Sistemas industrializados (ex.: LSF, CLT, painéis), obra limpa e previsível.
- Monitoramento em tempo real (energia, água, conforto, biodiversidade) via app.
- SlowVille Manager: painel para investidores e moradores (KPI’s de operação, ocupação, receitas e indicadores ecológicos).
7) Governança, Investimento e Transparência
- Metas claras (energia, água, carbono, biodiversidade, bem‑estar) e auditoria periódica.
- Relatórios públicos de desempenho ambiental e social.
- Modelos de participação/cotas alinhados à performance ecológica e econômica.
8) Viabilidade e Autosustentabilidade (síntese)
- Receita híbrida: vendas (unifamiliares/multifamily) + operação ShortStay.
- Redução de OPEX via eficiência (energia/água/manutenção paisagística sintrópica).
- Receitas acessórias: energia excedente, créditos ambientais, programas educacionais.
9) Roadmap de Implementação
- Diagnóstico Territorial (NbS): solo, água, clima urbano, biodiversidade, riscos.
- Masterplan WSUD / Cidade‑Esponja: macro‑paisagem, drenagem, conectividade ecológica.
- Diretrizes de Edificação: Passive House, solar‑ready, materiais e EC3.
- Licenciamento & Salvaguardas: metas BNG, planos de manejo e condicionantes.
- Projeto Executivo BIM: compatibilização, orçamento, logística de obra limpa.
- Construção Industrializada: DfD, passaporte de materiais, QA/QC.
- Operação & Monitoramento: comissionamento, KPIs, transparência contínua.
10) Métricas‑Chave (exemplos)
- Água: % de captação/reuso; pico de escoamento reduzido (mm/h -> L/s·ha); evapotranspiração recuperada.
- Energia: kWh/m²·ano; % cobertura FV; emissões operacionais (kgCO₂e/m²·ano).
- Carbono incorporado: kgCO₂e/m² (estruturas, fachadas, acabamentos) vs. baseline.
- Biodiversidade: BNG ≥ +10%; número de espécies nativas implantadas; corredores ecológicos.
- Conforto/saúde: horas dentro de zona de conforto; QAI; níveis de ruído.
- Circularidade: % massa com passaporte de materiais; taxa de reuso/reciclagem de resíduos de obra.
11) Checklist Prático — “Como aplicamos no SlowVille”
- Território: diagnóstico NbS + masterplan WSUD + meta BNG ≥ +10%.
- Edificações: diretrizes Passive House + solar‑ready + medição de carbono incorporado (EC3/EPDs).
- Materiais: madeira engenheirada certificada; DfD; passaporte de materiais; logística reversa.
- Infraestrutura: wetlands, pavimentos permeáveis, telhados verdes, reuso de cinzas.
- Operação: SlowVille Manager com KPIs ambientais/financeiros; relatórios abertos.
- Comunidade: agrofloresta, hortas, educação ambiental e espaços de convivência biofílicos.